Palavrões virando palavrinhas

Estava jogando futebol com meus amigos quando, de repente, começo a ouvir uma chuva de palavrões… FILHO DA FRUTA, VAI TOMAR CAJU! Fiquei impressionado e surpreso, não só pela grosseria, mas pelo fato de serem falados por vozes incrivelmente finas. Eu, curioso, fui investigar o que tinha acontecido. A cada passo que dava, ouvia mais um “BARALHO!”. 

Quando cheguei perto dos garotos, era exatamente o que eu pensava; mas não sabia se estava entendendo direito… Como uma criança consegue falar tantos palavrões?! Algo devia estar por trás disso tudo! Fingi que fui embora e fiquei esperando o menininho ir para sua casa. Quando ele finalmente  saiu, parecia que andava com pressa. Alcancei-o e perguntei, educadamente: “Por que você está bravo?” (não, eu não estava com medo dele…). Ele respondeu que seu irmão não o estava deixando subir no balanço. Pensei: “Qual a necessidade de ficar xingando por algo tão insignificante?” 

Depois desse dia, comecei a prestar atenção no uso dessas palavras ao meu redor. Caiu uma moeda no chão: palavrão. Bateu o dedo em algum lugar: outro palavrão. Percebi que o tempo todo ouvia um “PONTE QUE CAIU”. Palavrões estão perdendo a graça. Tornou-se um vício usá-los para xingar sem motivo. As pessoas utilizam-os sem ao menos lembrarem-se dos seus verdadeiros significados. Tente prestar mais atenção no seu dia e você irá perceber que essas palavras são usadas para qualquer situação. Quando alguém faz algo errado, por mais insignificante que seja, é ouvido um “QUE BUSÃO”. Os palavrões passaram de xingamentos a gírias. Quando alguém quer realmente demonstrar que está bravo, palavrões nem servem mais. Essas ofensivas palavras, tão cheias de impacto quando utilizadas, estão se tornando “palavrinhas”, que, sinto dizer-lhes, sentido não têm mais.

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