Formulando – Entenda a Fórmula 1

Dez times, vinte pilotos, um espetáculo. A máxima categoria do automobilismo viaja pelo mundo anualmente carregando não só os carros mais velozes da Terra, mas também condutores furiosos que anseiam levantar a taça de campeão. A Fórmula 1 é mais do que um show, é uma competição a cada fim de semana em que os espectadores não só assistem a uma corrida, mas fazem parte de uma experiência inesquecível. De fato, o entretenimento garantido a cada corrida é inigualável. Só há uma questão: pode ser extremamente complexo de entender cada curva, momento ou ronco do motor. Por isso, trago a vocês um guia prático para captar tudo que acontece numa corrida de Fórmula 1.

Primeiramente, o que é a Fórmula 1? A competição foi criada em 1950 pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) e seu nome não faz muito sentido, mas foi dado se referindo ao conjunto de regras que deveriam ser seguidas pelos pilotos no momento de sua fundação. O campeonato é constituído por dez equipes, entre as quais cada uma apresenta dois pilotos que competem pela equipe no campeonato de construtores, em que as marcas competem tanto por dinheiro quanto por visibilidade de marketing, além do campeonato de pilotos no qual os participantes brigam por uma melhor classificação geral e visibilidade como funcionário em si. Cada temporada é constituída por uma série de corridas chamadas de “Grand Prix” ou Grande Prêmio, que ocorrem em diversos lugares do mundo.

Todos os circuitos da F1

Um fim de semana convencional é composto por treinos, classificação e corrida. Os treinos 1 e 2 ocorrem na sexta-feira, para que os times não cometam nenhum erro nos dias seguintes. O treino 3 ocorre no sábado, e é o último momento para acontecer tudo que possa dar errado antes da classificação, que acontece no mesmo dia e marca o início oficial do GP. Nessa etapa os pilotos fazem suas tentativas de melhor volta numa espécie de “battle royale”, em que 5 deles são eliminados nas primeiras duas fases (Q1 e Q2), e os 10 menos lerdos passam para a Q3 a fim de determinar as primeiras dez posições da largada. Após isso, no domingo — ou dormindo, se a corrida for chata –, os pilotos se alinham, fazem uma volta de formação para aquecer os pneus (melhora a aderência) e partem para uma das partes mais tensas e emocionantes da corrida: a largada.

Quando estiver na frente da TV, há alguns pontos importantes a destacar para que se aproveite ao máximo a corrida; dentre eles, é claro, um travesseiro, porque as corridas são de manhã. Os primeiros minutos são imprescindíveis: não se pode sequer piscar, pois, nesses primeiros instantes, os carros aceleram até 100 km/h em aproximadamente 2 segundos e as posições variam. Depois disso, as ultrapassagens acontecem o tempo todo, sendo a distância medida em segundo, ou seja, no tempo de um carro chegar à posição de outro no traçado. 

É importante lembrar que, na classificação, um segundo é muita diferença, já que as melhores voltas sempre ficam bem próximas umas das outras. Por outro lado, na corrida, um segundo é muito pouco, já  que a variedade de condições e estratégias possibilita facilmente um piloto alcançar o outro. Entre essas vantagens existe a capacidade de poder abrir a asa quando estiver próximo de um piloto (mais velocidade) e o próprio ‘vácuo’, assim facilitando as ultrapassagens. Sim, a Fórmula 1 é bem bipolar.

Além das diversas manobras feitas pelos pilotos, e das incríveis distâncias percorridas pelos carros super tecnológicos, nenhuma corrida é igual a outra. Numa corrida mais tranquila, os pilotos tentam combinar diversos tipos de pneus para terminar a corrida. A troca do pneu ocorre no pitstop, já que eles sempre apresentam um desgaste intenso. Podem ser escolhidos pneus: duros e duradouros, brancos; médios, amarelos; macios e rápidos, vermelhos. Tudo isso possibilita combinações de estratégias para obter o melhor resultado possível.

Porém, quando a corrida decide tomar conta própria e a destruição chega ao circuito, tudo se torna imprevisível. Fatores como o clima, o tipo de circuito, as batidas e os pneus suicidas (que explodem do nada: não era para acontecer, mas fazer o quê?) afetam as estratégias escolhidas e as decisões que determinarão o resultado final. Quando chove, outros pneus são colocados e o circuito fica muito mais escorregadio, ou seja, ocorrem mais pancadas. Os circuitos podem ser de rua ou abertos, podendo, a partir dessa variáveis, beneficiar algumas equipes e trazer estratégias diferentes. 

Quando ocorrem acidentes, podem-se acionar os “safety cars” com bandeiras amarelas, fazendo com que os pilotos tenham que dirigir lentamente até que a retomada seja  segura, abrindo novas possibilidades de estratégias. Por último, as bandeiras vermelhas são usadas para mostrar o cancelamento temporário ou permanente de uma corrida, seja por clima extremo ou acidentes graves. Também tem a bandeira azul (sendo o Nikita Mazepin seu fiel escudeiro), para mostrar que um piloto deve deixar a ultrapassagem de outro que está uma volta à frente, para não atrapalhar sua corrida.

Olhando um ponto de vista mais polêmico, a Fórmula 1 é um esporte que realmente depende muito do carro, mas nem por isso se torna artificial nem perde seu mérito enquanto esporte. Além dos 147,5 milhões de dólares ligados principalmente à construção de  máquinas automotivas, a estrutura e desenvolvimento da equipe mecânica tem um papel muito importante. São 80 funcionários permitidos dentro dos circuitos, os quais vão para GPs e constantemente lutam por sobreviver (Equipe Haas, que está em último lugar) ou prevalecer e esmagar a Mercedes (Equipe Red Bull, candidata à campeã), sem favoritismo. Em relação aos pilotos, eles precisam ter técnica, experiência, cabeça fria (com capacete) — e um pouco de sorte também não faz mal. 

Ser um piloto, mecânico ou qualquer outro empregado no mundo da Fórmula 1 não é um trabalho fácil (com certeza é preciso pelo menos um diploma chique), e o entendimento de tudo o que é feito nesta indústria é algo bem difícil para qualquer espectador. Espero, então, que eu tenha te ajudado a entender o básico de todo este universo complexo. Agora sim, vão assistir a alguma corrida da Fórmula 1 — e torçam pelo Sergio Pérez (sim, sou mexicano).

Mariano Moad

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