10 Coisas que Eu Odeio em Você
“Você já fez alguém chorar hoje?” “Infelizmente não, mas são só 4h30”
Kat
10 (+3) COISAS QUE EU ODEIO EM VOCÊ
Gente, a verdade dói, mas fortalece: eu vi o filme, eu li o poema; ali tem 13 itens e eu não sei como passou pela cabeça da Kat — ou da Kirsten Smith e da Karen Lutz, que escreveram o filme — que eram 10. Sinto muito…
Agora, inespecificidades do título à parte, vamos à nossa resenha da semana. Ao longo dos últimos dias, fizemos no nosso perfil uma competição pra decidir, de uma vez por todas, o melhor casal do cinema. Os vencedores foram (por muito pouco, devemos admitir) Kat e Patrick, e é por isso que hoje viemos falar da história deles em 10 Coisas que Eu Odeio em Você, que saiu em 1999 e vem marcando gerações desde então. O filme gira em torno de quatro personagens principais — Cameron, Patrick e as irmãs Kat e Bianca — e o enredo do filme é complexo, então fiquem comigo aqui. Novo na escola, Cameron imediatamente se apaixona por Bianca, que, por sua vez, quer desesperadamente sair com Joey (o galãzinho da escola). Quando a menina descobre o interesse de Cameron, aproveita essa oportunidade para lhe contar a irritante regra de seu pai — ela não poderia namorar antes que sua irmã o fizesse –, na esperança de que ele se voluntariasse para resolver o problema. Deu certo. A partir daí, Cameron convence Joey a contratar Patrick, o único cara que podia não ter medo da Kat, para chamá-la para sair, mas ela não parece nada interessada.Tudo isso é carregado de todos os estereótipos e clichês que fazem do filme um ícone das histórias de ensino médio americano que nós crescemos assistindo.
Ainda assim, 10 Coisas (esse é o nosso apelido carinhoso a partir de agora, pensa num título longo…) tem umas coisinhas únicas, sutilmente diferentes, que são apenas o suficiente pra fazer dele o que ele é. A primeira delas é a trilha sonora. Não me leve a mal, tenho todos os álbuns de High School Musical na minha biblioteca, mas as músicas de 10 Coisas, que vão de “I Want You to Want Me” a “Cruel do be Kind,” puxam a trilha para um lado um pouquinho menos “pop” do que se espera num filme da Disney. Isso faz uma ENORME diferença, até na caracterização dos personagens. Um detalhe que, apesar de não ser exatamente diferente, se destaca por ser aproveitado da melhor maneira é aquele lado mais “besteirol” da comédia. 10 coisas apela pra esse humor baseado nessas besteirinhas, mas faz isso sem exagerar e sem atrapalhar a inocência do longa. Pra completar, o filme é baseado numa peça de ninguém menos que William Shakespeare. Quando eu descobri essa informação, fiquei meio surpresa, mas é só pensar no assunto que faz muito sentido; esse gênio adorava relacionar os personagens da maneira mais complexa possível. De qualquer maneira, tudo, desde o enredo da história até o nome dos protagonistas (Catarina virou Kat, Petrúcio é o Patrick e ninguém nem mudou a Bianca) são uma adaptação direta e genial de “A Megera Domada.”
Aliás, vou aproveitar essa deixa para falar mais sobre os personagens. Como eu disse, ninguém ali segura a mão nos estereótipos, o que não necessariamente é uma coisa ruim, mas deixa o meu trabalho bem mais fácil. Kat é o auge da menina rebelde, inconformada com o patriarcalismo da sociedade e com a hierarquia da escola (no topo da qual ela já esteve, diz a Bianca),. O Patrick é o “criminoso”, de quem todo mundo tem medo e cuja história ninguém conhece, mas que acaba sendo um fofo. O Cameron é aquele “nice guy” sobre quem você vê piadas na internet, que parece ser mais bonzinho do que realmente é e geralmente tem um objetivo maior por trás do que faz. A Bianca é a menina popular que nada mais quer que sair com meninos e aproveitar o ensino médio enquanto pode, totalmente sucumbindo àquela hierarquia que sua irmã tanto odeia. Joey, o galãzinho que eu falei, é literalmente um modelo, cumpre todos os requisitos do cara babaca e popular e, pra ser sincera, parece ter acabado de sair de “Amor, Sublime Amor.” É fácil assim explicar o papel de cada um na história, o que não a faz pior sob nenhuma circunstância.
Sobre a parte que vai além do universo do filme, uma coisa que eu acho demais é como esse filme “lançou” tantos atores geniais, que conseguiram com certa facilidade sair desse gênero de romances adolescentes — tarefa que não tende a ser muito fácil. E, óbvio, aqui eu preciso dar um destaque para o Heath Ledger. Esse cara era genial, ele continuou sua carreira com filmes como “Brokeback Mountain” e “O Cavaleiro da Trevas”, que só confirmaram o seu talento inegável — confesso não vejo esse segundo há muitos anos e lembro muito pouco, mas o que já vi do Heath nesse filme mostra que ele realmente fez por merecer o Oscar recebido. Inclusive, sabe “O Gambito da Rainha,” aquela série da Netflix que fez muito sucesso ano passado? A primeira tentativa de fazer essa adaptação foi um filme, em 2008, que seria dirigido pelo próprio Heath. Infelizmente, o falecimento do ator impediu a continuidade do projeto. Quanto ao Joseph Gordon-Levitt, que faz o Cameron, seu principal projeto depois de 10 Coisas foi “A Origem”, ainda que JGL apareça também em “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, terceiro filme da mesma saga de Nolan que trouxe o Heath como Coringa. Com certeza, Cameron e Patrick não seriam os mesmos se não pela interpretação desses dois atores em 10 Coisas. No geral, o filme é leve, engraçado, fofo e absurdamente divertido. Kat e Patrick realmente são um casal absurdamente bonitinho e a soma de todas as partes desse filme garante que 10 Coisas continue tirando um sorriso da gente, mesmo que já o tenhamos assistido noventa vezes. Do Patrick cantando nas escadas do campo à Kat dançando na mesa numa festa, e até o poema com as 13 coisas, eu completamente recomendo “10 Coisas que Eu Odeio em Você” para o seu fim de semana.