CRUELLA
“Ser um gênio é uma coisa. Criar um gênio, por outro lado, vem com os seus desafios.”
O tão esperado filme da Cruella foi disponibilizado ontem no Disney plus para todos os usuários e, no primeiro momento livre que eu tive, fui assisti-lo. Agora, antes que eu comece a me pronunciar sobre ele aqui, quero deixar deixar uma coisa clara: eu nunca fui muito fã dessa mania da Disney recente de mexer com suas tão lindas histórias clássicas e, especialmente, dos filmes de “ponto de vista dos vilões”. Para mim, não precisamos simpatizar com absolutamente todos os vilões da ficção, nem todos precisam de uma história de vida triste que “justifica” sua maldade — na verdade, explica, mas não justifica. Basicamente, eu sempre quis que a Disney deixasse os vilões serem maus e pronto. Simples assim. Apesar de tudo isso, eu queria muito ver esse filme da Cruella, tanto pela premissa interessante de focar na parte da moda da vida da vilã, quanto pelo interessantíssimo elenco que reúne as Emmas Stone e Thompson e o Joel Fry, que eu adorei em Yesterday, além de ser dirigido pelo responsável por “I, Tonya”, que é genial. E, acima de tudo, eu queria demais descobrir como a Disney ia me fazer simpatizar com alguém que, de todas as coisas do mundo, decidiu odiar cachorrinhos.
A minha pergunta foi respondida logo nos primeiros minutos do filme, da maneira mais boba possível. À la Batman, o ódio de Cruella pelos pobres dálmatas – cuja imagem no filme não é pintada com toda essa fofurisse — vem do triste momento em que três Dálmatas mataram sua mãe, à empurrando de um penhasco, sem querer, enquanto perseguiam Cruella. Nesse ponto, depois de rir um pouco da tosquice da cena (como é que eu tinha me esquecido que a Disney só mata personagens os derrubando de penhascos?), e mais ainda do CGI dos cachorros, que deixa a desejar, eu decidi diminuir minhas expectativas para o resto do longa. Para a minha surpresa, o filme só melhorou a partir daí — note como eu só disse o filme, não o CGI dos cãezinhos –, mas eu sou suspeita pra dizer, porque eu adoro um “heist movie”. Cruella, que na verdade chama Estella, vive sua vida nas ruas de Londres como uma ladra com seus dois amigos, usando seu dom e amor por moda para desenhar e costurar os mais estilosos dos disfarces. Isso até que, após conseguir um emprego na loja de departamentos mais estilosa da cidade, Estella é descoberta por uma estilista famosíssima, que a toma como pupila. A menina não demora a descobrir que essa tal estilista tem algo que lhe pertence e decide pegar aquilo de volta.
Numa vibe que eu vi alguém comparar à de Diabo Veste Prada, com figurinos maravilhosos, uma linda Londres dos anos 70 e uma trilha sonora que deve ter custado mais do que aquele CGI sobre que falei, Cruella acaba sendo um filme extremamente divertido, ainda que não muito mais que isso. Ambas as Emmas fazem um bom trabalho e o resto do filme é bem menos tosco do que aquelas primeiras cenas. Essa foi uma coisa que especialmente me agradou nesse filme, que eu também tinha reparado em “Luca”. Mesmo que das maneiras mais sutis, o filme às vezes dá uma desviada do “água com açúcar” total e completo da Disney — SPOILER AQUI: Cruella quase morre num incêndio e, apesar de tudo ficar bem no final, foi interessante ver que a antagonista do filme estava disposta a colocar fogo na nossa “heroína”.
Fora isso, eu sinto muito mas tenho pouco a destacar sobre o filme. É Disney, é divertido e é cativante, e só. Não é especialmente genial em nada, fora os figurinos, provavelmente, mas também não acho que estivesse tentando ser. Cruella é isso, um filme que faz tudo que precisa fazer e vai ser uma ótima e leve diversão para o seu fim de semana, com o bônus de olhar para a Emma Stone por duas horas, porque ela é perfeita (dá pra perceber que eu gosto de La La Land? Que bom). Eu, com certeza, assistiria ao filme mais uma, duas, três vezes, e aconselho que você o faça pelo menos uma, e aproveite toda a leveza que ele tem pra dar, sem se preocupar muito com o resto.